O REISADO E A IMPORTÂNCIA CULTURAL DO BAIRRO SERRINHA

Alguns historiadores da cultura popular defendem que o Reisado nasceu no Egito, como manifestação de adoração a Festa Sol Invencível; nesses eventos os foliões faziam uma procissão, indo de casa em casa para receber presentes e dinheiro. Os católicos a explicam como sendo o período da andada dos reis até a visita para Jesus. Não obstante, a origem religiosa da festa, como folia dos reis, associada a uma tradição cristã trazida para América do Sul, que se espraiou pelo Brasil, Colômbia, Equador, entre outros países da região; mesmo, assim, a Igreja local nunca se manifestou em apoio a essa tradição, muito menos se insinuou para incentivá-la como manifestação cultural cristã.
O Reisado é uma festa popular introduzida no Brasil pelos portugueses no período colonial, se fixando na Região Nordeste; muitas cidades brasileiras, tem resistido aos avanços tecnológicos e mantido os festejos realizados no dia de Reis (6 de janeiro), em homenagens aos Três Reis Magos.
Em Mauriti, o bairro Serrinha, por muito tempo manteve a tradição do reisado, mediante o esforço hercúleo da liderança das famílias: Bonito (Antônio Miguel e Zé Miguel). Félix (João Félix e Francisco Félix), Borges (Joaquim Borges), Braz (Manuel Braz), Lalau (Joaquim Lalau); os participantes arcavam com os custos, do próprio bolso ou realizando campanhas de arrecadação para comprar as vestimentas, instrumentos musicais, que faziam o acompanhamento das apresentações. Os trajes para apresentação eram saiote de fitas vermelhas ou azul, capacete com arranjo de pequenos espelhos redondos; uso de trajes de cores fortes e chapéus ricamente enfeitados com fitas coloridas e espelhinhos, davam a dimensão da importância e do respeito que impunha os dançantes em relação a plateia que os assistia. A marcação cênica e de compasso, remete a essência da cultura tradicional, nos sons, nas cores das fitas, no esplendor da dança e na alegria. Em regra, o reisado é formado por dois cordões que disputam a simpatia da plateia e são liderados pelas personagens centrais: o “Caboclo” ou “Mateus” e a “Dona Deusa” ou “Dona do Baile”. Também se destaca a figura do “Boi”, cuja aparição representa o ponto alto da dança. Todo esse manancial de ações que envolve o reisado, exige planejamento, articulação entre o grupo e liderança, o que nunca faltou a comunidade da Serrinha, solidária e motivada, sempre apoiou o REISADO, o mesmo não se pode dizer das autoridades constituídas: prefeitos e secretaria de cultura.

 

ÉRICA BONITO FÊLIX – Pesquisadora Cultural

Edição Atual

Equipe

EDITOR E ARTICULISTA

Francisco Cartaxo Melo

 

DESENVOLVEDOR

Miguel Alencar dos Santos

 

CONSULTOR

Prof. Homero Leonardo

 

DESIGNER

Camila Alves

 

COLABORADORES 

Erica Bonito Félix

José Alderi Barbosa

Josefini Dantas

Lea Raniere

Lea Ferreira de Melo

Constâncio José de Melo

Noemia Alexandre

Eulália de França Bezerra