Em artigo no site Espaço Cariri, chamei atenção para a diversidade partidária que Ciro vem abraçando ao longo de sua careira política, algo que a mídia, frequentemente, lembra.
“Ao resolver seguir carreira solo, Ciro (os Ferreira Gomes), foram novos experimentos partidários: PPS, PSB, PROS e PDT. A medida que muda de partido, os atuais ex-correligionarios, vão se desvencilhando dos compromissos seminais com o cirismo, se aperfeiçoam as legendas as quais aderiram na última eleição, se adaptam à nova cor partidária e o cirismo vai se desbotando, ou quem sabe amofinando. Suas estratégias, de mudança de legenda, começam a se chocar com as reformas política atuais e com o métier das mídias sociais e das redes sociais, etc. Por outro lado, a dispersão de antigos colaboradores por diferentes siglas partidárias, casos mais eloquentes: Camilo Santana, cirista, governador filiado ao PT, eleito com os votos dos Ferreira Gomes, como se posicionará com Lula candidato a presidente; o atual vice-prefeito de Fortaleza PSB, como fica se ocorrer uma coligação com o PT, em nível nacional; o deputado federal A.J. Albuquerque, filho do deputado estadual Zezinho Albuquerque – PDT, ex-presidente da Assembleia Legislativa, amigo irmão de Ciro Gomes, mas o filho deputado federal, é o presidente estadual do PP, partido sob o controle do Senador Ciro Nogueira, atual ministro da Casa Civil de Bolsonaro. Em 2022 como irá se posicionar o deputado federal AJ Albuquerque; outro ex-correligionário e amigo de Ciro Gomes, Domingos Filho, presidente do PSD, cujo o filho Domingos Neto é deputado federal pelo PSD, prestigiado por Kassab”. Portanto, além de administrar os problemas domésticos, envolvendo antigos companheiros de poder, Ciro defronta-se, agora, com a desobediência de parte da bancada do PDT, que à revelia da decisão partidária votou fechada com Bolsonaro/Artur Lira na PEC dos precatórios. Fora do Ceará a unidade partidária, também, sofre ameaças, como registrou a Veja (Radar): “o pré-candidato do PDT ao governo do Rio de Janeiro, Rodrigo Neves, esteve em São Paulo para uma visita a Lula.” O objetivo, articular uma candidatura única das esquerdas. Portanto, se o companheiro de partido, tenta um arranjo que venha melar a candidatura de Ciro a Presidente da República em 2022, mais do que qualquer outra coisa, o assédio do candidato a governador do Rio de Janeiro, expõe as dificuldades que Ciro vem enfrentando para se “cacifar na disputa” no seu partido, isso tudo alimentado pelo discurso do voto útil.
Portanto, o Ciro audaz, de discurso beligerante, pode recuar de sua pré-candidatura em face das manobras de seus correligionários, o que tem potencializado as investidas dos adversários, que tentam atingir sua jugular eleitoral: o cerco a correligionários no Ceará com ofertas irrecusáveis, apoiadas em recursos provenientes do orçamento secreto tem minado silenciosamente bases do cirismo; parte da bancada federal do PDT, sendo cooptada através das gentilezas prestadas pelo Presidente da Câmara com recursos do mesmo orçamento secreto,pode forçar o recuo da candidatura do presidenciável. Por outro lado, as pesquisas de opinião não tem sido favoráveis ao pré candidato do PDT.
Na eleição de 2018, o Ceará foi o único estado em que Ciro saiu vitorioso, ele terminou em terceiro na disputa nacional com 12% dos votos válidos. Na pesquisa Paraná Pesquisa realizada entre 1º e 6 de maio, 2022, em seu reduto eleitoral, pontuou com apenas 14,4%, enquanto Lula com 44.4% e Bolsonaro 25,8%, o que tem desanimado os candidatos proporcionais e facilitado o assédio do PT a direção do PDT. Pois, está em jogo o direcionamento dos recursos partidários: se vão para a campanha majoritária, com o risco de não eleger Ciro ou serão investidos nas candidaturas proporcionais, visando reforçar bancada e, possivelmente, ampliá-la.

Professor da UECE aposentado
Economista/Analista de
Planejamento Seplag/Iplance
aposentado
Consultor organizacional FLACSO
(Faculdade Latino Americana de
Ciências Sociais)