
O empreendedor João Landim, um dos maiores produtores de banana do Cariri, ao fazer a opção para abrir uma nova frente de plantio de banana nas capoeiras do distrito de São Miguel, traz consigo várias certezas: a riqueza e abundância d’água do lençol freático da região; a boa qualidade do solo e mão-de-obra com traquejo no trato com a cultura da banana, aprendizado advindo do trabalho duro nos bananeirais de Pernambuco e São Paulo. O empresário João Landim, tem o conhecimento histórico do plantio de banana em Mauriti, décadas de 1990 e 2000 quando o município espraiou o plantio da banana por todos distritos, fiado em orientações bancárias de dinheiro fácil. Contudo, a experiência de nossos produtores, em parte, fracassou uma vez que a grande maioria, envolvidos nessa nova experiência agrícola, não tinham o domínio das técnicas de manejo, assistência técnica especializada, somada a baixa capacidade de organização dos agricultores e à ameaça da praga da singatoka negra. Segundo Garofoli, expoentes italianos mais destacados na área do desenvolvimento endógeno, isso implica em baixa “capacidade para transformar o sistema socioeconômico; pouco habilidade para reagir aos desafios externos; dificuldades para promoção de aprendizagem social; e falta de habilidade para introduzir formas específicas de regulação social em nível local, que, que insiscutivelmente, favoreçam o “Desenvolvimento endógeno isto é , em outras palavras, a habilidade para inovar a nível local”. (Garofoli; 1995)
Temas recorrentes no debate público brasileiro e na academia a é a relação entre desenvolvimento econômico, especialização produtiva, devendo ser inserido uma varável importate: a falta de apoio governamental a bananicultura, um grande equívoco que commetem as três esferas de governos (União, Estados e Municípios), uma vez que a cultura da banana ocupa o segundo lugar no mundo em área colhida dentre todos os tipos de frutas, superada apenas pelos cítricos (SOUZA & TORRES FILHO, 1997). A produção brasileira de banana é de aproximadamente seis milhões de toneladas por ano, posicionando o país como o segundo maior produtor mundial depois da Índia. A quase totalidade dessa produção é consumida pelo mercado brasileiro, tendo em vista que a banana é a fruta com maior consumo anual per capita alcançando 34,5/kg/hab/ano (MATSUURA et al, 2004). Constatação que deveria despertar as esferas governamentais para realização de programas técnico-financeiro de apoio ao pequeno produtor: difundir novas técnica de plantio, de combate as pragas e insumos que melhore a produção e a produtividade. Á luz dessas ações, devemos entender a cadeia produtiva da banana tendo como pano de fundo a contextualização dos principais atores envolvidos e suas inter-relações, quer sejam, consumidores, varejistas, atacadistas e produtores. E que existe um mercado promissor, tanto munidial, como internamente, o mercado nacional.
“A nova geografia mundial nos remete a discussão sobre os processos locacionais da produção de bens e serviços no sentido da descentralização e da especialização. A produção localizada e os novos espaços produtivos decorrem, em grande parte, da desintegração vertical dos processos produtivos. Empresas de diversos setores estão se aglomerando em certos locais ou regiões, e desenvolvendo uma estreita aliança baseada na complementaridade, interdependência, na cooperação e na troca de informações (ALMEIDA, 2003). Neste contexto, as cadeias agroindustriais vêm sendo estudadas como um sistema, no qual a ênfase deve ser um enfoque global e não pontual. Os atores envolvidos no processo necessitam terem uma visão holística de toda a cadeia a fim de identificarem os seus inter-relacionamentos e consequentemente traçarem suas estratégias de forma conjunta. À luz desta visão, os estudos do setor agroindustrial passaram a enfocar os diversos elos da cadeia produtiva tendo em vista uma melhor compreensão das forças competitivas que nela atuam. Em consonância a este fato, as economias externas de aglomeração advindas de um processo produtivo integrado permitem elevar o grau de competitividade dos produtores agrícolas, trazendo rebatimentos positivos para o desenvolvimento local. a (CUSTÓDIO et al, 1998)”. Nesse sentido, a presença do empresário João Landim em Mauriti deve ser capitalizada uma vez que sua iniciativa emprearial será, indiscutivelmente, um difusor de novas tecnologias e gerador de externalidades positivas.
Mauriti, hoje, se posiciona no grid de produção estadual de banana, na trigésima quarta (34) posição, no entanto com a presença do produtor João Landim no distrito de São Miguel, segundo seu plano de expansão, brevemente, estamos entre os dez municípios com maior produção de banana: plantio passa de 47 ha para 100 ha, plantados no próximo ano; aumentar o rendimento médio por ha no município; ajudar a promover acessos a equipamentos e insumos modernos. Portanto, podemos chamar de Efeitos Paraiso Verde: incentivo ao cultivo da banana, nas áreas periféricas, promover parceria, apoiadas em princípios do ganha, ganhar; difundir técnicas inovadoras capitalizadas pela grande produção; gerar economias de aglomeração, fomentar o processo produtivo integrado das forças competitiva que movem o segmento da banana, na medida que se aumente a interface: empreendedor João Landim X pequenos e médios produtores de banana X administração municipal.
É importante se conhecer as culturas locais de empreendedorismo, as tendências à inovação dos agentes locais e em particular as necessidades de articulação de estratégias para implantação de atividades e serviços de extensão, o que torna importante a interface da gestão municipal e a universitária. A relação prefeitura municipal – universidade contribui para identificar impedimentos legais que apoiam o desenvolvimento local; ao tempo, em que são criados canais de comunicação com a universidade; identificação de programas estaduais e federais que possam apoiar as ações voltadas para o desenvolvimento endógeno.
Estabelecer sistemas que possam promover ligações entre programas de educação continuada, de educação formal, educação não formal, o mercado de trabalho e as necessidades de capacitação – treinamento; e o capital humano, entendidos como principal ingrediente do desenvolvimento e do empreendedorismo. Para tanto, a capacidade de articulação política entre os atores institucionais: liderança empresariais, governos ou parlamentos, judiciário, ministério público ou organizações do terceiro setor, são de fundamental importância para efetivação do desenvolvimento. Com Alvin toffler, defendemos que o novo modelo de desenvolvimento deve ser baseado no “ponto de vista sistemático ou integrativo, ele vê a produção como cada vez mais simultânea e sintetizada. As partes do processo não são o todo, e não podem ser isoladas umas das outras: “Conectividade e não desconectividade, integração e não desintegração, simultaneidade em tempo real e não etapas sequenciais – são estes os pressupostos que suportam o novo paradigma de produção.”

Professor da UECE aposentado
Economista/Analista de
Planejamento Seplag/Iplance
aposentado
Consultor organizacional FLACSO
(Faculdade Latino Americana de
Ciências Sociais)