Carlos, vagueava a esmo pelas ruas maculadas pelo lixo e pela mágoa do bairro onde vivia junto ao seu irmão mais novo. Sua mente estava como um pandemônio, todavia não era algo que permanecia explícito, apenas aquelas pessoas que tivessem a mente astuta, o suficiente, perceberiam a tempestade por trás dos olhos tristes e desamparados do garoto.
A razão atroz pelo qual fazia-o abjurar da própria existência, está diretamente ligada a única família que lhe restava, seu estimado irmãozinho. A miserável criança estava morrendo, faziam dias que o garotinho passava mal, ao ponto de vomitar sangue, sem nenhum sinal de melhora.
Desafortunado seja Carlos, sua alma repleta de ressentimento e desgosto. Muito a perfazer quando não se tem ânimo para nada, mal conseguia levar comida para casa, muito menos pagar o tratamento para a anônima doença do irmão.
Estava preso em um beco sem saída, encurralado por seus medos e memórias, e enquanto vagava para a deturpada e obscura inconsciência, seu irmãozinho sucumbia na solitária escuridão, onde permaneceria insepulto, assim como sua finada mãe.

Vitória Cartaxo
Aluna da 9º ANO-ESCOLA PADRE ARGEMIRO