QUARTO PREFEITO DE MAURITI – (1935 – 1942) O SONHO DE 27/08/1890, SE REALIZOU EM 20/12/1938 – PREFEITO MANOEL SANTAN (NECO SANTANA)

A família Evangelista de Santana chega a Mauriti, vindo da Paraíba via Monte Orebe; faz sua primeira parada no Distrito de Espírito Santo, hoje Anauá: os irmãos José, Ernesto, Manoel e Luiz Evangelista de Santana se enraízam em Mauriti; José Evangelista de Santana e sua esposa Ana Rita se radicam no Sítio Curtume, distrito de São Miguel, explorando a agricultura e os negócios com tecido, juntamente com os filhos Antônio, Joana, Raimundo e Manoel Evangelista de Santana, NECO SANTANA. A amizade de José Evangelista com o Padre Cícero levou o filho, Neco Santana, ao Seminário da Prainha, em Fortaleza, onde iniciou seus estudos; “Neco” era um homem do povo, muito caridoso e querido, de formação cristã, estudou no seminário da prainha em Fortaleza, não foi ordenado padre por opção, dedicando-se à causa pública. Politicamente, não descendia do coronelismo. Nomeado em junho de 1935 prefeito interventor de Mauriti, pela formação cristã e a base filosófica que lhe dera o seminário fez uma gestão voltada para o povo, atendo-se a defesa dos postulados democráticos. Não descende de capitães hereditários nem de concessões de “sesmarias”. Originária de uma prole de comerciantes honestos e agricultores, homens pacíficos e religiosos.    A historiografia de Mauriti, durante um período aproximado de quinze anos, na primeira metade do século XX, ficou no anonimato, omissa, um lapso injustificável.  ( Dr.Edilson Santana).

 Ao deixar o seminário, constitui família em Mauriti, iniciando-se na política, em momento de convulsões e mudanças na vida administrativa e política da nação.

Na década de 1920/30 as placas tectônicas da política nacional se moveram com intensidade, produzindo choques e enfrentamentos entre partidos políticos e fora deles: revoltas no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo, movimentos que reforçaram a Coluna Prestes e culminou na Revolução de 1930. Tensões que prestaram desserviço à democracia, viabilizando a deposição do Presidente Washington Luiz e a tomada do poder por Getúlio Vargas; como Presidência da República, Vargas assumiu o governo provisório (1930-1934), ao ascender ao pódio presidencial gerou o famigerado ESTADO NOVO; o Caudilho Gaúcho se organiza e em 1937, dá novo golpe, permanecendo como ditador até 1945, quando foi defenestrado da presidência por um golpe militar. Durante a Ditadura Vargas os Estados da Federação eram governados por interventores, nomeados por Getúlio Vargas, os quais nomeavam os prefeitos municipais.  No Ceará o movimento contra as oligarquias estaduais tem como líder o dr. Manoel do Nascimento Fernandes Távora, da Aliança Liberal, seu primeiro interventor. Em Mauriti as famílias que vinham se revezando no poder municipal, até o ano de 1934, ligadas as antigas oligarquias metropolitanas, eram Furtado Maranhão, Araújo Lima e Sousa Leite.  

Em 1935 assume o governo do Ceará Francisco Menezes Pimentel que altera a geopolítica local, em Mauriti não é diferente, nomeia Prefeito Municipal Manoel Santana – NECO SANTANA -(1935-1938). Jovem, pouco conhecido no estamento oligárquico, ascende ao poder municipal e emerge na política de Mauriti como outsider; assume os destinos da cidade natal sem a anuência dos coronéis locais, que mesmo arreliados, mas apartados da opinião pública e da elite política metropolitana, não tiveram tempo   nem espaço político para reagir as mudanças. Como quarto interventor de Mauriti (1935-1937), substituiu Teodorico de Sousa Leite na prefeitura municipal, também nomeado (1930-1934), cuja nomeação ocorreu antes do início do ciclo Vargas.

NECO SANTANA, nomeado interventor de Mauriti para o exercício de 1935-1938, foi o artífice da independência política de Mauriti, compunham a Câmara de Vereadores, eleitos/nomeados para a gestão Neco Santana: Maria Pereira Alencar, Elias Martins de Morais, José Figueiredo, Domingos Furtado Maranhão, João Lacerda Leite, Francisco Epitâneo Quintino Leite, Carolino de Sousa Leite com sua capacidade de articulação na cúpula política, em Fortaleza, retorna Mauriti a condição de cidade, desvinculando o município mauritiense da dependência de Milagres, como distrito;  sua popularidade realiza seu encontro democrático com o povo nas eleições municipais de 1938, se elege o primeiro prefeito saído das urnas, para o quadriênio 1939-1942. Tinha como concorrente Emídio de Sousa Leite, filho do Major Zé Francisco, político e figura de destaque no setor agropecuário; Emídio contava com o apoio do cunhado, ex-prefeito, chefe político, agropecuarista e industrial, Teodorico de Sousa Leite. Neco homem simples com boa apresentação, se impõe como liderança local, além de desenvolto e afável no meio político, se relacionava bem com os chefes políticos da capital; fez como administrador bons projetos e várias realizações, apesar dos pouquíssimos recursos que arrecadava.

A família dos Evangelista de Santana era composta de pessoas simples e cuidadosa nos relacionamentos pessoais; alimentava uma sensível irreverência e era dotada de grande presença de espírito. Neco foi o único a estudar e fazer política partidária, apesar de neófito no meio político, Neco Santana era homem de compromisso com seu município e lealdade aos correligionários, entre os quais se destacava a vereadora dona Maroquinha, mãe de dona Gerça Alencar e sogra de Chagas Sampaio, seu tesoureiro na Prefeitura de Mauriti; como reconhecimento ao apoio de dona Maroquinha, Neco Santana usando de seu prestígio junto as autoridades da capital conseguiu destituir o tabelião, ligado à Teodorico e nomear Chagas Sampaio como tabelião do Cartório do Segundo Ofício de Mauriti. Como administrador, em 1938 eleva Mauriti de vila para cidade e define os limites distritais; constrói a primeira lavanderia pública para atender a população mais pobre entre outras realizações.

Francisco Cartaxo Melo,

Economista e Professor Universitário

(UECE) aposentado.

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