O Distrito de Anauá, Município de Mauriti-CE, fundado por Manuel Furtado de Sousa, é o distrito mais antigo de Mauriti, pois em 1894 era vila com feira e um relativo movimento comercial; apesar de só ter sido reconhecido como distrito em 1938, (Dec. 448 de 1938), sempre chamou atenção sua potencialidade turística a ser explorada, comercialmente: Serra dos três Irmãos, Serra das Janelas, Serra do Cajueiro, Serra da Donzela, todos ricos em estórias e lendas. Vale inventariar, hoje, como ponto de relevância turística o Açude de Anauá, de pouca ou nenhuma divulgação.
Em face do movimento comercial que acontecia no povoado, muitas famílias paraibanas migraram para o Ceará, vindo habitar o povoado de Anauá, entre as quais se destaca a família do Sr. Francisco Sulino, homem de posses, que chegou ao Anauá constituiu família e por orientação do Padre Cícero ali se estabeleceu e prosperou; outra família de destaque que se radicou em Anauá, foi Manuel Evangelista de Santana, com seus filhos entre os quais Manuel Santana (Neco Santana), prefeito por duas vezes de Mauriti, a primeira como interventor e a segunda sufragado nas urnas, em 1942.
A educação ganhou destaque na pequena vila pelo empenho de seus professores(as) e alunos (as). Desta forma, é preciso lembrar do professor mestre Alfredo, vindo da Paraíba ensina particular sob pagamento; mas sobretudo das mestras guerreiras responsáveis pelo início da caminhada pela educação do distrito: Lurdes Gondim, Maria Nininha de Sousa, Julia Santana, Hilda Santana, Francisquinha Santana, Eunice Maria de Sousa Freitas, filha de José Manoel de Sousa e Joana Bastos de Sousa natural do Distrito de Anauá, mudou-se para o Distrito de Palestina do Cariri, onde consolidou seu desempenho como educadora, Eunice deixou um grande legado na Educação e hoje é nome de escola no Distrito de Palestina; todas, pessoas empenhadas em ensinar o caminho do saber, dedicaram parte de suas vidas a educação de Anauá, pagas com salários vil, montavam a escola na própria residência.
Lurdes Gondim, que enfrentou o desafio das escolas isoladas, cuja sala de aula funcionava na residência da professora e cujo salário era desprezível, muitas vezes tinha que deixar salários de meses para poder ir recebe-lo em Mauriti, porque o custo do deslocamento não compensava todo mês ir a sede do município; a professora Maria Nininha de Sousa, nasceu na Serra Verde, distrito de Anauá, em 25 de agosto de 1931, primeira filha de doze irmãos, o pai Andrelino Fernandes do Nascimento, pequeno agricultor, e mãe Maria da Luz Claudino de Sousa de prendas do lar.
Em sua residência, de móveis rústicos, alfabetizava os filhos dos camponeses da região, os mesmos, pagavam uma pequena taxa para que seus filhos tivessem conhecimento letrado. Nâo existiam escolas públicas por perto; mas, movida pelo sonho de um dia se tornar professora, ela enfrentou os mais diversos obstáculos: o primeiro foi dificuldades financeiras, pois seu pai, um agricultor de baixa renda tirava um pouco das diárias recebidas do trabalho braçal, nas lavouras, para pagar a escola de seus filhos; um passo em direção a um amanhã sustentável e promissor.
Quanto a Maria Nininha, deve-se ressaltar que nunca se negou a alfabetizar nenhuma criança, os que não podiam pagar frequentava suas aulas e ela, ainda, ajudava com o material didático.
A Igreja de São Félix, em Anauá, nos ajuda a contar a história do distrito, pela exuberância de sua beleza arquitetônica de uma época, evidência de “padrões de beleza em mutação”. Como dizem alguns historiadores da arte: “as imagens sondam e nisso contam a história de uma época”, nelas podemos ler a prática da arte e as relações dentro da comunidade. Para isso nos guia os traços arquitetônicos da igrejinha de São Félix, como a religiosidade e a cultura de sua gente.
O açude como uma obra de engenharia, não representa apenas uma obra para represamento d`água, mas a história das dificuldades de um Estado submetido a vulnerabilidade das épocas invernosas. “O açude de Anauá, construído em 1954, pelo Prefeito Municipal de Mauriti, José Teodorico de Sousa Leite, (1951-1954), sob os auspícios do governador do Estado Raul Barbosa, que em seu plano de governo tinha como prioridades a construção de açudes e barragens”, em face do sofreamento pelo qual passava a população cearense, representa uma parte do poder político do Ceará, e o empenho das lideranças políticas de Mauriti e Anauá, portanto um monumento a história de Anauá.
Nota, agradecemos a colaboração:
Gilberto Araruna Ex-vereador por Anaua, Zilda Ferreira, Sr. José Erivaldo de Freitas, e a Professora Flaenes Pereira de Sousa Diretora da Escola Maria Nininha de Sousa.
FRANCISCO CARTAXO MELO
Professor da UECE aposentado Economista/analista de Planajemento
Seplag/Iplance aposentado Consultor organizacional FLACSO (Faculdade
Latino Americana Ciências Sociais)