TERCEIRO PREFEITO DE MAURITI TEODORICO DE SOUSA LEITE, EMÉRITO MAURITIENSE – (1930 – 1934)

Buriti Grande, que ao passar a município recebeu o nome de Mauriti, era constituído por uma constelação de comunidades rurais, em cada uma delas destacava-se uma família, sob comando de um chefe político; esse ao estender suas relações de compadrio sobre parentes e agregados, consagrava seu domínio inconteste em sua área de atuação, foi assim nas regiões: do Coité, com os Furtado, Maranhão, Figueiredo e Lacerda; Quixabinha e Umburanas Furtado, Felipe e Leite; Buritizinho Teles, Cavalcante, Pimenta. Os efeitos do nosso “coronelismo” resvalavam para reforçar o poder dos políticos da metrópole, elegendo deputados e senadores.

A partir de um novo tipo de relacionamento humano, social e político, Buriti Grande vai se urbanizando e emerge como vila e cidade no final do século XIX, pelas mãos do Capitão Miguel Dantas de Quental, cuja vida foi consagrada a paz e negociação; residente na casa grande do Sítio Dantas, seu feito confronta, de qualquer maneira, a inercia antropológica do mandonismo local e regional; as comunidades que se espraiavam na área geográfica do Buriti Grande, sob o domínio dos coronéis e de suas famílias, vão se libertando do assédio dos donos das decisões, à medida que migram para a vila de Mauriti; portanto, ao assumir o desafio de edificar uma nova comunidade, formada por gente do entorno regional, Capitão Miguelzinho não se submete ao mando dos coronéis locais nem regionais, constrói uma nova paisagem social e política no entorno da capela de Nossa Senhora da Conceição; são os primeiros passos para consolidação do município de Mauriti. O município é instalado em 28 de agosto de 1890, (Decreto nº 51), mas em 1895, por decisão de sua Câmara Municipal, (Decreto nº 257) retroage a dependência de Milagres, sofre seu primeiro revés político, perde a titularidade de município, o mesmo acontece em 1928 (Decreto nº 2634) quando, passa a ser distrito de Milagres. No interregno 1895/1928, Mauriti sofre vários reveses em sua autonomia. Em 10/02/1934, (Decreto 2634) passa, administrativamente, a condição de município; era interventor Teodorico de Sousa Leite, (1930-1934), e terceiro prefeito municipal; filho do paraibano Manuel Salviano de Sousa Leite e Delfina de Sousa Leite que migraram para Mauriti, com os cinco filhos, da localidade de São José de Piranhas, distrito de Cajazeiras, Paraíba. Teodorico, consolida a saga política dos Sousa Leite, casando com Maria de Sousa Leite, (Mariquinha) filha do Major Zé Francisco, ex-vereador pelo município de Milagres, no exercício de delegado de Mauriti; Teodorico chefe político de Mauriti, empreendedor nato, cultor da paz e um fervoroso democrata, da continuidade a tudo aquilo que defendia o Capitão Miguelzinho.

Em 1930 Teodorico de Sousa Leite indicado para responder como prefeito de Mauriti; no entanto, somente, em 1933 Mauriti sede retorna a condição de Vila, Teodorico de Sousa Leite, nomeado Prefeito Municipal, (1930) pelo interventor estadual Roberto Carneiro de Mendonça, filiado a Aliança Liberal, decreto número 1336, de quatro de dezembro de 1933,  sendo o terceiro prefeito nomeado; a Cãmara Municipal  era formada pelos vereadores: José Figueiredo – secretário, Domingos Furtado Maranhão, Elias Martins de Morais, Francisco Epitânio Leite e Carolina de Sousa Leite, este irmão de Teodorico.

Teodorico de Sousa Leite, líder do clã Sousa Leite, empreendedor intrépido, agropecuarista, proprietário da fábrica de caroá, funcionando no distrito de São Miguel; e dono da usina de beneficiamento de algodão instalada na sede do município. Político vocacionado e liderança inconteste da UDN, (a partir de 1945), em Mauriti; Teodorico consegue conciliar as atividades industrial e de agropecuarista com as lides políticas, agora como chefe político da UDN, orienta o filho e genros no exercício da política: elege prefeito de Mauriti o genro José Alfredo Filho (1947-1948); o filho José Teodorico de Sousa Leite (1951-1955). Como líder da UDN conseguiu, ainda, eleger prefeito seu parente Adauto Leite de Figueredo (1946-1947) e o correligionário Dr. Fernandes Teles Cartaxo (1948-1950).

Como chefe partidário no dia da eleição era incansável, vocacionado para a luta política, fazia a coordenação, fiscalizava o pleito, visitando sessões eleitorais, dando ordens para que consumada a eleição tivesse bom resultado eleitoral. Mesmo com toda dedicação a política, não obteve êxito no pleito de 1954, tinha como candidato pela UDN o genro Dr. Dagmar Cardoso de Medeiros, derrotado por José Leite da Costa – PSD – (1955/1958), resolve se afastar da política”. (in Eméritos Cearenses, Januário Alves Feitosa)

Ao assumir a administração municipal em 1930, Teodorico assiste, no distante Mauriti, intensa transformação política e social, marcada pela Revolução de 1930 e pela consequente ascensão de Getúlio Vargas ao poder. A Revolução de 1930 foi uma resposta à crise política e econômica que o Brasil enfrentava, além da insatisfação com a política do café com leite (São Paulo/Minas Gerais) e a exclusão de alguns estados da esfera do poder; acentuada com a derrota de Getúlio Vargas nas eleições de 1930, que foram disputadas com forte manipulação pelo Governo de Washington Luiz (1926-1930). Em outubro de 1930, Vargas assume a presidência de forma provisória, dando início a uma nova fase na política brasileira: nomeia interventores para os Estados Federados, promove profundas transformações nos governos estaduais, a partir da centralização do poder nas mãos do presidente da república, reduzindo a autonomia dos estados. Com isso, exerce maior controle sobre a política e as administrações estaduais, sobretudo nas áreas de segurança e arrecadação fiscal. Entre 1930 e 1934, os municípios brasileiros passaram por um processo de transformação significativa, refletindo as mudanças políticas e sociais impulsionadas pelo governo de Getúlio Vargas. As municipalidades começaram a receber orientações mais rigorosas do governo federal: reorganização da administração pública municipal e a promoção de uma maior eficiência nas finanças locais, com foco na arrecadação de impostos; implementou programas de apoio aos municípios nas áreas saúde, educação e infraestrutura; e incentivou a municipalização de serviços públicos, como saúde e educação, promulgou novas leis, incluindo o Código Eleitoral.

Teodorico assume a administração de Mauriti, sob a tutela da Ditadura Vargas, marcada pela tensão entre a centralização do governo Vargas e a busca por maior eficiência e modernização nas administrações municipais.

Teodorico de Sousa Leite, várias vezes vereador, no exercício de presidente da Câmara Municipal, nomeado prefeito de Mauriti, mandato (1931-1934), apoiado pela cúpula da ALIANÇA LIBERAL, sob a liderança estadual de Fernandes Távora, governo provisório do Ceará em (1930-1931); no início da era Vargas; Teodorico de Sousa Leite, foi nomeado Prefeito de Mauriti pelo interventor do Ceará Roberto Carneiro de Mendonça, também da Aliança Liberal. Com a ascensão de Meneses Pimentel ao governo do Ceará é nomeado interventor de Mauriti Manuel Santana (1935-1938), substitui Teodorico que deixa o governo local, mas permanece fiel a liderança de Fernandes Távora, a época chefe da UDN estadual.  

 Na foto da esquerda para a direita: A dauto Bezerra, Adauto Leite, seu TEODORICO, locutor, deputado estadual Wilson Gonçalves falando, Tutu de Olegário e Cauby Sobral – uma das últimas participação política de seu Teodorico como líder local

Com a consolidação da liderança dos irmãos Bezerra (Adauto e Humberto) no Cariri, assume o comamdo da UDN em Mauriti Adauto Leite de Figueirêdo, Teodorico de Sousa Leite se afasta das lides políticas, deixa Mauriti para mora no Crato e em seguida em Fortaleza.

 “Teodorico de Sousa Leite, homem honrado e lutador, foi um exemplo dos mais dignos para nossas gerações, de hoje e do futuro. O seu nome não deve ser esquecido. A sua memória, como a de todos os intrépidos, os justos e inflexíveis homens de bem, deverá imortalizar-se no coração na história do Ceará”. (in Januário Feitosa)

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 FRANCISCO CARTAXO MELO

Professor da UECE/Economista/Analista de Planejamento Seplag/Iplance

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