Nas fotos acima, temos Zefinha Cartaxo Melo, quando jovem e Profª Zefinha Cartaxo Melo aposentada.
Como solteira assinava JOSEFA DANTAS CARTAXO, filha de JOSE MODESTO DE ARAÚJO CARTAXO e MARIA DANTAS CARTAXO. JOSEFA DANTAS CARTAXO, tratada no convívio familiar por ZEFINHA, é a terceira filha de uma prole de nove irmãos, nasceu no Sítio Dantas em MAURITI, em 18 de janeiro de 1908.
ZEFINHA descende pelo lado materno dos DANTAS ROTHEIA, sendo Dantas sobrenome de origem geográfica em ANTAS da freguesia de Viseu em Portugal que ao aglutinar a preposição de ao substantivo ANTAS, se transformou em DANTAS. A família descende do Capitão-Mor Domingos João Dantas Rotheia e Mariana Gonçalves Dantas, natural da Vila do Coura, Portugal, pais de André Dantas Rotheia, este, por sua vez, pai do CAPITÃO MIGUEL DANTAS DE QUENTAL, avô materno de JOSEFA CARTAXO MELO.
A descendência por parte do pai, também, tem origem em Portugal no Conselho do CARTAXO, distrito de Santarém. O patriarca JOAQUIM ANTÔNIO DO COUTO, desbravador português veio para os sertões de Cajazeiras na Paraíba e ao chegar ao Brasil adjudicou ao seu nome o topônimo da aldeia natal CARTAXO, passando a assinar JOAQUIM ANTÔNIO DO COUTO CARTAXO, pai de ANA CORDULINA DO COUTO CARTAXO, casada com MIGUEL GONÇALVES DANTAS DE QUENTAL, pais de MARIA DANTAS DE QUENTAL CARTAXO, (Mariquinha) casada com seu primo JOSÉ MODESTO DE ARAÚJO CARTAXO, filho de uma irmã de Ana Cordulina, JOSEFA DINA DE JESUS DO COUTO CARTAXO. JOSEFA DANTAS CARTAXO, ao contrair núpcias passou a assinar JOSEFA CARTAXO MELO. Josefa casou-se, na Igreja Matriz de Mauriti, com MILTON FERREIRA MELO, dessa união nasceram quinze filhos, sendo que quatro de seus filhos morreram crianças. ZEFINHA enfrentou os desígnios da vida com obstinação, sem, contudo, perder a ternura com a família e o carinho para com os amigos. Nas palavras de seu primo, Monsenhor Raimundo Augusto de Araújo Lima, em “OS CARTAXO NO CARIRI CEARENSE”: “Foi uma heroína, mulher
forte da Sagrada Escritura. De espírito alegre, jovial, bem humorada, não se abatia diante de dificuldades. Enfrentava tudo de ânimo erguido e cheia de otimismo”. Portanto, desconhecia o sentimento de angústia, a criação de onze filhos foi sua principal escola no aprendizado da humildade e elo mais forte que reforçou sua fé em Deus e a fizeram realizar-se como filha, esposa e mãe dedicada. A fé, a humildade e a simplicidade constituíam a argamassa que edificou seu caráter, jamais se deixando abater por problemas na luta que a levou a construir sua história que era acima de tudo a árdua tarefa de criar e educar seus filhos com dignidade.

Aos dezesseis anos, o pai Jose Modesto de Araújo Cartaxo e sua esposa Maria Dantas Cartaxo (MARIQUINHA) levaram-na para estudar no COLÉGIO DAS DOROTÉIAS em Fortaleza, a mais de quinhentos quilômetros de Mauriti. A viagem Mauriti – Fortaleza era feita a metade em lombo de animal e a outra metade de trem, uma saga que somente mulheres fortes da época tinham coragem de enfrentar.
O Colégio de Nossa Senhora do Sagrado Coração das IRMÃS DOROTÉIAS, escola tradicional frequentada por moças da classe média alta da cidade de Fortaleza, proporcionava uma educação rigorosa, cuja metodologia era inspirada na escola francesa da época. ZEFINHA ao retornar a Mauriti se encontrava habilitada a ensinar o curso primário, isto é, da alfabetização ao quarto ano primário; com sua chegada inicia aulas de alfabetização para os filhos dos vizinhos, dos moradores e agregados das propriedades do MAJOR ZÉ MODESTO, como era conhecido seu genitor. Em 1927 casa-se com MILTON FERREIRA MELO, descendente de triunfo Pernambuco das famílias DE MELO, GONÇALVES E FERREIRA.
Após o casamento ZEFINHA e o esposo Milton vão morar em ARATUBA Ceará, a convite da irmã de seu marido, Albertina, conhecida como NENEM MELO. Com a morte prematura do pai JOSÉ MODESTO DE ARAÚJO CARTAXO, ZEFINHA ao lado do esposo retorna à Mauriti, indo morar no Sítio Dantas, propriedade que fora do seu pai e que o mesmo herdara do Capitão Miguel Dantas de Quental, sogro de Zé Modesto. Ao fixarem residência no Sítio Dantas, enquanto o esposo
Milton gerenciava a fazenda e o engenho dos Dantas, ZEFINHA administrava a casa, cuidava dos filhos e dava aulas para as crianças dos sítios vizinhos. Outra atividade que desempenhou com desenvoltura e prazer foi escrever cartas e respondê-las a pedidos dos vizinhos que possuíam parentes e amigos morando fora de Mauriti. Essas cartas constituíam o vínculo permanente entre aqueles que migraram de Mauriti, fugindo das secas e os parentes que permaneciam no torrão natal. Durante muitos anos a Professora ZEFINHA exerceu seu mister sem qualquer remuneração, somente vindo a ser contratada como professora do município de Mauriti em 1947, pelo prefeito Adauto Leite de Figueiredo, mesmo assim, a sala e os móveis onde ministrava suas aulas eram de sua propriedade. Muitos de seus ex-alunos encaminharam-se na vida profissional a partir dos primeiros ensinamentos da professora Zefinha Cartaxo, como testemunha a professora FRANCISCA DONETA LEITE em depoimento para a dissertação de mestrado de ANTONIELE SILVANA DE MELO SOUZA: “A sala de aula apenas continha uma mesa grande quadrada e dois bancos longos de madeira em cada lado. As crianças e jovens sentavam nas laterais, enquanto a professora, a Sra. Josefa Cartaxo Melo, conhecida como madrinha Zefinha, ficava na cabeceira da mesa. Doneta confessa sua admiração e carinho pela professora madrinha Zefinha, “queria muito bem a ela” (DONETA, 21/07/2017)” ZEFINHA e MILTON permaneceram casados quarenta e dois anos, sempre morando em Mauriti, residindo no Sítio Dantas, separados pelos desígnios de Deus em 1970 com a morte da matriarca dos CARTAXO MELO, que sempre residiu em MAURITI, cidade fundada pelo seu avô Capitão Miguel Dantas, viveu no Sítio Dantas que a acolheu quando iniciara sua vida conjugal. O mesmo Sítio Dantas que testemunhou sua luta, a admiração dos vizinhos, a amizade dos compadres, os respeitos dos alunos, lhe concedeu a felicidade de ver criar e educar seus onze filhos.

escreve sobre a mulher Mauritiense