FRANCISCA ROSA DE SOUSA MOURA E LUZIA JANUÁRIO DE SÁ


O DISTRITO de São Felix, nasceu com a chegada de Manoel Severo a Mauriti, quando aportou no arruado de pequenas casas de taipa e de pedras, alumiadas pela luz pálida de candieiros; famílias pobres, sem oferta de educação formal, constrangidas pela presença sistemática de cangaceiros. São Felix, vizinho do município do Barro, onde se homiziavam, no final do século XIX e início do século XX, em Cuncas (antiga ALDEIA DE GANGATI) os famigerados irmãos VIRIATO, espalhavam terror pela circunvizinhança; na cidade do Barro, nas primeiras décadas do século XX, se impõe José Inácio do Barro, senhor de baraço e cutelo, dissemina o medo pelo sul do Ceará; assumia com todos os poderes a liderança de bandidos e cangaceiros, submetendo aos seus caprichos e horrores as populações circunvizinhas ao Barro.
São Felix foi sendo construído, pelo esforço de Manuel Severo, organizou o arruado, sentindo de perto a presença de cangaceiros e bandidos, mesmo assim, São Felix, com a determinação de sua gente, cresceu como vila, e logo foi reconhecido como distrito.
Existe uma narrativa de que o paraibano Manuel Severo, católico praticante, após se instalar na pequena vila assumiu a liderança das famílias que residiam na localidade; comunicou que comprou um terreno, doou lotes e, juntamente, com os moradores do lugar construí a capela, a casa paroquial, o cemitério; por devoção, a comunidade adotou como padroeiro, o frade capuchinho, decapitado por mando de Diocleciano (300 d.C), tornado o Santo, São Felix. Em algum momento a imagem do padroeiro, que santificava a capela, simplesmente, desapareceu do altar. Em face das dificuldades de encontrar outra imagem do santo, na região, a comunidade resolveu importar de Portugal a imagem do padroeiro; ao mesmo tempo, Anauá, antigo Espírito Santo, também resolveu, fazer um pedido a Portugal de uma imagem de Nossa Senhora, padroeira da localidade. Os dois pedidos foram atendidos ao mesmo tempo, vieram no mesmo navio, só que trocaram os caixotes, a imagem de São Felix foi para Anauá e a imagem de Nossa Senhora foi destina a Vila de São Felix. Logo, a população local adotou como padroeira o Imaculado Coração de Maria. (Texto com base em escritos da profª. Rosa Moura)
EDUCAÇÃO
A educação em São Felix deu seus primeiros passos pelas mãos dedicadas de Joaquina Rodrigues Nogueira e Josefa Gonçalves da Silva, cujos nomes são guardados na memória histórica do povo são felense/sanfelixta; guarda-se os nomes de Joaquina Rodrigues Nogueira e Josefa Gonçalves da Silva como símbolos da Educação de São Felix. Extremamente dedicadas ao magistério, por ambas passaram muitos dos filhos desta terra que não esquecem pelo muito que aprenderam; fazem parte da história educacional de São Felix, também, os professores: Manuel do Cumbe, Manuel Carneiro e Vicente Martins. Todos eram só alfabetizado e trabalhavam como voluntários em suas residências.
A primeira escola estadual do distrito foi fundada no ano de 1937, regida pela professora Joaquina Rodrigues, ela chegou na localidade no dia 02 de fevereiro de 1937; a escola era apenas uma sala de aula com uma mobília escassa: uma mesa comprida, uma cadeira, um quadro negro de madeira, uma régua e um banco onde deveria se ajeitar grande parte dos alunos, como não era possível caber todos no banco, tomava–se emprestado cadeiras aos vizinhos.
Depois foram surgindo mais escolas. a primeira escola Municipal era regida pela a professora Josefa Gonçalves da Silva e logo depois, chegaram mais professoras: Isonila Nogueira dos Santos, Antônia Pereira Bezerra e Luzia Januário de Sá (Dona Luzeira).
Dona Luzeira, como era conhecida a professora Luzia Januário de Sá, foi uma profissional proativa em sua área, com visão abrangente da educação, na medida em que cingia ações da educação e da cultura para melhor difundir o conhecimento e os saberes tradicionais, como: apresentar nas escolas dramas, festivais de poesias e lapinhas, estas de dezembro até o dia de reis, seis de janeiro.
Essas mestras recebiam salários irrisórios, muitas vezes saiam de seus distritos a pé para a sede municipal, receber seu ganho, ou simplesmente, deixavam dois, três meses acumulados nos cofres da prefeitura, para evitarem caminhadas a sede todo mês. Em face das dificuldades de transporte.
Nos anos 1960/1969, surgiram mais três escolas estadual, regidas pelas professoras: Josefa Gonçalves, Francisca Alexandre de Sá, Francisca Rosa de Sousa, escolas fruto das ações governamentais do prefeito Dr. Fernandes Tales Cartaxo; em 1970 foi construída a primeira escola pública no distrito, grupo escola Expedito Tavares Magalhães, a época vereador pelo MDB; para a construção da escola o terreno foi doado pelo o senhor José Severo, filho do fundador; onde funcionaram as três escolas isolada estaduais, hoje encontra-se inativas; em 1972, foi construída a segunda escola pública municipal: Grupo Escola Alexandre José de Sá. Terreno doado pelo o senhor Alexandre José de Sá, era prefeito Nilton de Vasconcelos Sobral. Enfatize-se o nome do senhor Alexandre José de Sá como destacável figura na área educacional, conseguiu quatro escolas para os Sítios: Cajueiro, Olho d’água, e a sede do Distrito; a escola Alexandre José de Sá, hoje encontra-se paralisada. (síntese do texto da professora Rosa de Sousa Moura). A professora Rosa Moura, foi diretora das E. E. Fundamental São José, e como diz: “O principal objetivo é mostrar a função política da escola, socializando informações, discussões, pesquisas, subsidiando o trabalho educativo de professores e demais funcionários e profissionais da educação que apoiam os sistemas de ensino de nosso município”.


FACHADA INTERNA E BIBLIOTECA DA E. E. FUNDAMENTAL SÃO JOSÉ
REFEITÓRIO DA E. E, FUNDAMENTAL SÃO JOSÉ

PROESSORA ROSE DE SOUSA MOURA E SUA VISÃO DE FUTURO A ESCOLA E A VIDA SOCIAL:

CULTURA EM SÃO FELIX E ARTES CULTURAIS DO E.E. FUNDAMENTAL SÃO JOSÉ
São Felix tem como símbolo de sua cultura o MESTRE TOTONHO, MESTRE DA CULTURA E COMO CONTINUADOR DO SEU TRABALHO O FILHO, SAULO (FOTO)
Como Mestre da Cultura, a pessoa é reconhecida como MESTRE, foi o que ocorreu com o MESTRE TOTONHO DE SÃO FELIX, teve direito à diplomação solene, ao auxílio financeiro para a manutenção e fomento das atividades culturais, e à preparação técnica para a realização de oficinas e cursos. Nesse sentido, MESTRE TOTONHO, representa a cultura viva de nosso município, com destaque para sua arte de confeccionar VIOLINO E RABECA e negociá-los em todo o Brasil.

MESTRE TOTONHO E SEU FILHO, COM O PRODUTO DO SEU TRABALHO VIOLINO E REBECA, ENCOMENDAS A SEREM ENVIADAS A SÃO PAULO
Na expressão poética a seguir a professora Rosa de Sousa Moura, faz a síntese histórica da educação em São Felix:
EDUCAÇÃO


A professora ROSA DE SOUSA MOURA , como diretora da E.E. Fundamental São José, seguiu o desiderato daquilo a que se tinha comprometido “mostrar a função política da escola”. Nesse sentido, promoveu as boas práticas esportivas, desenhos/pintura, teatro, capoeira, comemorações cívicas tec.

DESENHO DA ALUNA ANA MARIA


ELEIÇÃO DO PREFEITO MIRM CAPOEIRA


DANÇA E ARTES
MECENAS DA EDUCAÇÃO DE SÃO FELIX: ALEXANDRE JOSÉ DE SÁ


ALEXANDRE E ESPOSA, D. RAIMUNDA IRENE ALEXANDRE JOVEM EM SÃO FELIX
A vida de Seu Alexandre, se constitui em uma saga particular, indo muito além da história de muitos nordestinos que venceram intemperes, lutara com dificuldades para prosperar no torrão natal. Alexandre José de Sá, descendentes de índios que habitavam o entorno de Missão Velha, seu avo foi um índio, que a rebatado de sua mãe índia, ao nascer, por colonizadores brancos, foi levado para ser criado no seio do que se chamava de “civilização”. Seu pai descendente de índio, constituiu família e criou os filhos trabalhando na agricultura. Alexandre, muito novo ficou órfão de mãe e como o mais novo, tinha a tarefa levar o almoço dos irmãos mais velho e do pai sob ordens rígidas da madrasta; a rotina alimentar da família era angu de milho, passado no moinho, Alexandre muito jovem era obrigado a carregar um prato de angu na cabeça para alimentar os irmão e trabalhadores no roçado, a comida quente e o peso do alguidar lhe causavam dores de cabeça e caibra no pescoço; aos dezesseis, dezessete anos fugiu de casa e se libertou da carga diária, obrigação de carregar um prato grande de barro na cabeça, cheio de angu quente para alimentar o pai, irmãos e trabalhadores no roçado. Ao deixar a casa do pai passou amorar no Sítio Cumbe, em Barro; economizou durante algum tempo e se transferiu para o município de Mauriti, vindo residir no Sítio Trapiá, casou pela primeira vez, teve oito filhos, em segunda núpcias mais sete, contratou uma professora para ensinar os filhos, aproveitou e também se alfabetizou; a professora dona Luzeira, vinda do Juazeiro, ministrava aula na casa dos proprietários rurais que podiam remunerá-la. Seu Alexandre, agropecuarista e comerciante, aprendeu a ler e contar, passou a apoiar a educação seja nos eventos escolares, seja ajudando na escolarização dos filhos dos vizinhos. Nasceu a partir daí suas manifestações de apoio a educação no distrito de São Felix, portanto, com sua amizade junto aos chefes políticos de Mauriti consegue escolas para os sítios: Cajueiro, Pará, Olho D’água e sede do distrito; na gestão do prefeito Newton de Vasconcelos Sobral, doou terreno para a construção da escola municipal, Grupo Escolar Alexandre José de Sá. Portanto, pela sua dedicação e apoio a educação é que devemos reverenciar pessoas como Alexandre José de Sá, com limitada escolaridade apostou na educação como caminho para o crescimento pessoal e da comunidade.
NOTA: agradecemos a colaboração de Joana Darc Sá, filha de seu Alexandre; e a contribuição de Edevanira, neta de seu alexandre.

FRANCISCO CARTAXO MELO
Aposentado como professor da UECE
E como economista/ Analista de Planejamento
Seplag/Iplance