SERVA-SE BEM



NOEMIA ALEXANDRE ESCREVE SOBRE CULINÁRIA
Sabemos que a alimentação é indispensável ao ser humano, seja o leite materno, o feijão, o arroz, etc., ou comidas sofisticadas dos restaurantes cinco estrelas, todos insubstituíveis para a manutenção da vida e condição sine qua non para os seres humanos. Mas, acima de tudo a alimentação, as escolhas alimentares, são formadoras dos hábitos alimentares, constituem parte da totalidade cultural, como se diz, comumente, “somos o que comemos”.
Em estudos sobre dimensões sociais da comida entre os camponeses, alguns autores defende a “comida” para este grupo como sendo uma “categoria cultural nucleante” que se articula a “trabalho” e a “terra”, e que as escolhas alimentares que incluem alimentos proibidos, permitidos e os preferidos estão ligadas às dimensões de gênero, memória, família, identidade e também religião, etc.
O antropólogo Roberto Da Matta defende que “o jeito de comer define não só aquilo que é ingerido como também aquele que ingere”. “Pode-se afirmar, portanto, que comer é mais do que apenas um ato de sobrevivência; “é também um comportamento simbólico e cultural”.
Algumas citações que usamos como o conhecido aforismo proferido pelo filósofo alemão Ludwig Feuerbach, na obra:” O mistério do sacrifício ou o homem é o que ele come”. Também Brillat-Savarin escreveu, em seu tratado sobre “A fisiologia do gosto”: “Dize-me o que comes e te direi quem és”. Os dois aforismos são muito utilizados por aqueles que escrevem sobre alimentação, e que chamam atenção para o fato de que o alimento deve possuir essas quatro qualidades: nutricionais, organolépticas, higiênicas e simbólicas. Há autores que “defendem que a prática alimentar abrange duas acepções: aquela posterior à ingestão do alimento e que está relacionada ao universo da biologia (fisiologia e bioquímica); e aquela anterior à ingestão. Esta última está relacionada às questões culturais e sociais, ou seja, à natureza social do comer”.
POR NOEMIA ALEXANDRE