
GIVALDO E OS FILHOS: JAIRO E GILDIVAN
Encontrei GIVALDO PEREIRA, no centro da cidade de Mauriti, com o caderno na mão, coletando apoio para a realização do seu VI FESTIVAL; analfabeto, como ele mesmo proclama, carregando mais dua coisas nobres, para qualquer ser humano: a simpliscidade e a humildade dos que não se deixam abater. Um guerreiro, cuja batalha trava contra a omissão de uma elite de iletrados que não reconhece a impotância da cultura popular; Givaldo não se sente humilhado, nem se deixa intimidar quando fala de sua luta para realizar seu FESTIVAL DE REPENTISTAS, no aconchego de seus familiares, no LETREIRO DOS BERNARDOS; a omissão do poder público em reconhecer o festival, que comemorou esse mês, 11 de maio, sua sexta edição. Por que não relacioná-lo no calendário de eventos do município e, consequentemente, apoiá-lo?
Conheci Givaldo por intermédio do seu irmão IVANILDO PEREIRA, o saudoso Tirano, como era conhecido; através dele conheci os Pereira do Letreiro dos Bernardos: pais, irmãos e demais parentes, adoteia a família como amigos; amigo da família, principalmente, de Givaldo, um gigante lutando pela cultura popular, enquanto o poder público se amofina, se esconde ou desdenha da luta de GIVALDO. Talvés, desconheçam valorosos intelectuais que orbitam o mundo da cultura popular: LEONARDO MOTA, CÂMARA CASCUDO, ARIANO SUASSUNA, ou nossos produtores da poética cantada: PATATIVA DO ASSARÉ, OTACÍLIO BATISTA, CEGO ADERALDO, ZÉ LIMEIRA. O que nos diz o poeta ZÉ FERNANDES, quais considerações ele faz sobre o descaso com a poética popular, ele que cultiva CÂMARA CASCUDO, intectual de escoal que nos ensina: “A cultura popular é o saldo da sabedoria oral na memória coletiva”.
GIVALDO E SEUS COMPANHEIROS DE VIOLA nos transmite a mediação entre a oralidade e o letramento; como traduz a beleza desses versos: “A sombra que me acompanha/ Não é a que me socorre/ Se eu andar, ela anda/ Se eu correr, ela corre/ E é mais feliz do que eu/ Não adoece nem morre” (Leonardo Bastião de Itapetim, Vale do Pajeú – PE). Ademais, Givaldo é um empreendedor cultural, que não se resigna com o descaso do poder público, não se abate e já realiza o VI FESTIVAL DE REPENTISTA EM LETREIRO DOS BERNARDOS; se a SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA deve dar mais atenção a CULTURA POPULAR, lançar no calendário de eventos culturais do município festivais como o do Letreiro dos Bernardos; constar no orçamento da secretaria dotação financeira com a qual GIVALDO cuidaria da organização e divulgação do festival do seu repentistas. O que diria intelectuais que cuidaram da cultura popular como: LEONARDO MOTA, CÂMARA CASCUDO, ARIANO SUASSUNA ou nossos produtores da poética cantada: PATATIVA DO ASSARÉ, OTACÍLIO BATISTA, CEGO ADERALDO, ORLANDO TEJO COM SEU ZÉ LIMEIRA. Indiscutivemente, faziam coro com Câmara Cascudo: “A instrução e a educação refreiam a intromissão as vezes indébita do espírito tradicional”, nos cabe, portanto, animar esse espírito, defender a cultura popular e alimentá-la. Pergunto ao poeta e repentista, mauritiense, ZÉ FERNANDES, quais considerações ele faz sobre o descaso com a poética popular.

O sexto festival de REPENTISTAS do LETREIRO DOS BERNARDOS, esse ano, contou com a presença de doze repentistas: GIVALDO E FILHOS, Milton Pereira de Itaporanga; Isael Custódio de Lavras da Mangabeira; o poeta Zé Fernandes, MAURITI; Neuma da Silva, como destaque e presença da mulher paraibana, de Conceição; Cícero Martins de Santa Inês; Alex e Edivânio Luna de Aurora; Nicolau da Viola, Ceará; Jairo Pereira, Lagoa, Paraíba.

CARTAXO MELO