PÉRFIL HISTÓRICO DOS PREFEITOS DE MAURITI:

DOMINGOS FURTADO MARANHÃO

DOMINGOS FURTADO MARANHÃO 1º PREFEITO (1925-1926)

A história de nosso município percorre caminhos viesados, desde os primeiros momentos em que o Capitão Miguel Dantas de Quental, cumpre sua promessa: construir a capela de Nossa Senhora da Conceição, (inaugurada em 1875); doa terrenos no seu entorno, para iniciar a vila de Buriti; não satisfeito com o reduzido número de famílias que ocuparam os terrenos, decide construir casas e doá-las aos moradores das cercanias para habitá-las, e assim,  aumentar a população da comunidade de Buriti; Buriti Grande é elevada a vila em 1890, o capitão  colhe os primeiros frutos de seu trabalho: Mauriti passa a condição de município, por outro lado, foi o start para a indignação e revolta das lideranças ligadas ao Coité e decepção para o caudilho Domingos Leite Furtado, à época mentoreava jagunços como os Paulinos e Santos expulsos de Aurora e tinha como braço armado José Inácio do Barro, que faziam parte de sua guarda pretoriana. As lideranças do Coité e Milagres, submetidas ao mando do Coronel Domingos Leite Furtado   passam a se posicionar, ostencimenente, contra a vitória do Capitão Miguelzinho; com a morte deste em 1892, em Lavras da Mangabeira, ao regressar de Fortaleza, onde recebeu das mãos do presidente do Estado (nomenclatura da época para governador), Pedro da Costa Barros, do Partido Democrático, o decreto nº 51, que dá a Mauriti o status de município.

Mauriti sofre seu primeiro revés em 20 de setembro de 1895, quando  deixa de ser município a pedido da sua própria Câmara Municipal, cuja maioria, ligada ao Coité e servil aos chefes políticos de Milagres, com destaque para o trevo Domingos Leite Furtado a quem o Coité rendia obediência; em 28/10/1924, volta a ser município, sob a égide da Constituição de 1921, elege vereadores a Câmara Municipal e esta elege entre seus pares o prefeito municipal; naquela época o interior do Ceará estava sob o domínio dos coronéis, as eleições municipais em regra são fraudadas e influenciadas pelo poder dominante. Nesse clima é indicado e empossado o 1º prefeito de Mauriti: DOMINGOS FURTADO MARANHÃO, do clã coiteense, (tio e sogro do Major Pedro Maranhão de Lacerda), tendo ainda como contraforte seu primo Brasilino Furtado Rosado, “chefe político local, possuidor de regular fortuna”; contava, também, com o decido apoio das oligarquias Milagrenses e o amparo do padre Cicero (1844-1934), amigo e protetor do coronel Domingos Leite Furtado; seu mandato se estende de (1924 a 1926). Domingos Furtado Maranhão assumiu a prefeitura em 1925. Na presidência da república Artur Bernardes exercia com mão de ferro a política dos governadores: o país silenciava no interior, obediente aos oligarcas e temente ao bacamarte dos sicários; enquanto nas capitais surgiram, os pequenos grupos políticos, anarquistas e comunistas, esses sob o manto esgaçado do PCB, fundado em 1925. O presidente Artur Bernardes governava sob estado de sítio, sua polícia política prendia e arrebentava todo aquele que reivindicava seus direitos ou se posicionava contra o governo. Ao tempo em que o apoio aos governadores, fortalecia as oligarquias estaduais como registrou J. M. Ibiapina, no jornal O Ceará (1927): “No interior anárquico do Estado, (CE) a Lei tem uma escora: o trabuco”.

O Capitão Miguelzinho faleceu em 08 de maio de 1892, em Lavras da Mangabeira quando retornava de Fortaleza com o diploma legal, que dava a Mauriti o status de município, bandeira política do Capitão que deixava furiosos os chefes políticos de Milagres e indignados e revoltados os políticos do Coité. A morte do Capitão, em Lavras da Mangabeira, sob o domínio de dona Federalina, amiga e correligionária do soba Domingos Leitte Furtado, foi alvo de muitas especulações. Com a morte do Capitão Miguelzinho e o distanciamento da política do seu cunhado, o ex-deputado provincial pelo Ceará (1878-1879) e ex-juiz de Milagres,  Antônio Joaquim do Couto Cartaxo, os negacionistas daquela urbe e do Coité, com destaque para o régulo de Milagres Coronel Domingos Leite Furtado que não reconhecia a ascensão de Mauriti a município; como observa o agrônomo e genealogista Francisco Augusto de Araújo Lima (in Memoria Real e Afetiva de Mauriti): “A tão comum resistência as mudanças, explica a postura da elite do Coité ante a emancipação política de Mauriti. Impossível o distrito do Coité permanecer milagrense, já que estava ao nascente de Mauriti. A outra opção – inexequível, – ir para o Estado da Paraíba de quem era confinante. Se o Coité fosse ao poente da sede de Buriti, Mauriti, nunca haveria acontecido problema. Apenas o novo município mauritiense seria um pouco menor, em função da perda territorial equivalente ao território do Coité. Ocorreu a cisão: Leite Furtado, Maranhão + Martins de Morais contra Dantas de Quental + Couto Cartaxo, Araújo Lima”. O Coronel Domingos Leite Furtado, do Coité, cuja raiz familiar estava entranhada nas famílias: Maranhão, Leite, Furtado e Lacerda, aproveitando-se da ausência do Capitão Miguelzinho, falecido em 1892, e do distanciamento da política do Dr. Cartaxo falecido em 1904, usou de seu prestígio, junto aos correligionários políticos da capital cearense para embargar a emancipação de Mauriti, mais de uma vez e submetê-lo como distrito de Milagres.

Domingos Furtado Maranhão, filho de José Furtado Maranhão, homem simples de pouco recurso; José Furtado Maranhão residia no sítio São Gonçalo, distrito do Coité, com seus dez filhos, entre os quais Manuel Furtado Maranhão (Neco Maranhão), pai de Pedro Maranhão de Lacerda e Luiz Furtado Maranhão, conhecido, popularmente, como Padre Maranhão. Em 23 de dezembro de 1926 Domingos Furtado Maranhão deixa a chefia do poder municipal, assume a Prefeitura de Mauriti, interinamente, o presidente da Câmara Municipal Theodorico de Sousa Leite; até ser substituído em 1927, por Miguel Augusto de Araújo Lima.

A administração de Domingos Furtado Maranhão implantou o código de postura do município, instalou a primeira coletoria e a ‘Escola de Dona Sula, cuja chefia ficou a cargo da excelsa mestra Sula Leite. Sua gestão tinha como coadjuvantes a respeitável bancada de vereadores: José Ponciano de Oliveira (Presidente), Theodorico de Sousa Leite, Francisco Epitâneo Quental Leite, José Faustino de Almeida, (do clã coiteense) Joaquim Furtado Leite, primo de Pedro Maranhão e sobrinho de Domingos Furtado Maranhão, Manuel Furtado Maranhão (Nezinho Maranhão), filho do prefeito eleito Domingos Furtado Maranhão e André Dantas de Quental, (filho do Capitão Miguel Gonçalves Dantas de Quental – Capitão Miguelzinho); esses edis tiveram a responsabilidade de elaborar o Código de Postura Municipal, lei que disciplinava arruamento, gabarito das construções urbanas, solubilidade pública, limpeza urbana, entre outros. A administração Domingos Furtado Maranhão, em seu relatório de fim de mandato lavrou que deixava para o próximo prefeito: setecentos e onze mil contos e cento e cinquenta reis; como despesas oitenta contos setecentos e sete mil e oitocentos e cinquenta reis; verificando-se que a prefeitura tem a pagar: aos funcionários oitocentos e trinta e um mil e duzentos reis; ao seu parente Coronel Pedro Augusto de Lacerda a quantia de um conto e quinhentos.

FRANCISCO CARTAXO MELO

Professor da UECE, Economista/

Analista de Planejamento Seplag/

Iplance (aposentado)

Foi consultor da Faculdade

Latino Americana de Ciências Sociais

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