2º PREFEITO DE MAURITI
1927 – 1928
MIGUEL AUGUSTO, prefeito de Mauriti, mandato de 1926 a 1927; o jovem MIGUL AUGUSTO DE ARAÚJO LIMA, nasceu em Qixabinha, distrito de Umburanas, Mauriti, quinto filho do casal Augusto Leite de Araujo Lima e Maria Carolina Dantas do Quental Cartaxo; “depois da escola primária, frequentou por dois anos, o Colégiosão São Geraldo, em Milagres, e três anos, o Colégio Diocesano de São José do Crato. Não continuou os estudos, preferiu dedicar-se à agricultura, fixando-se em Mauriti”. (in OS CARTAXOS NO CARIRI CEARENSE, Mons. Raimundo). Solteiro, com apena 22 dois anos de idade, Miguel Augusto foi alçado a chefia da administração municipal de Mauriti, desempenha sua função com equilíbrio e responsabilidade. Pelo lado paterno neto do Dr. Antônio Augusto de Araújo Lima e Argina Leite de Araújo Lima, residentes em Milagres; Dr. Antônio Augusto de Araujo Lima, pai de Augusto Leite, foi juiz municipal de Jardim e deputado provincial pelo Ceará, biênio 1870/1871, faleceu aos 35 anos de idade; Augusto Leite, com raizes fincadas na familha coiteense, natural do município de Milagres, mas criado em Mauriti, exerceu líderança política nos dois municípios, onde foi opositor do régulo milagresse Coronel Domingos Leite Furtado, seu parente; pelo lado materno Miguel Augusto descende dos Dantas de Quental Cartaxo, portanto neto do Capitão Miguel Gonçalves Dantas de Quental, fundador de Mauriti, e de Ana Cordulina Cartaxo Dantas, natural de Cajazeiras-PB.
A escolha de Miguel Augusto, para prefeito de Mauriti, se dá sob a égide da legislação eleitoral de 1916 -1921; a votação era a bico de pena, voto a descoberto, é o voto proclamado diante da mesa eleitoral, portanto, a manifestação do eleitor ficava conhecida de todos; “as mesas eleitorais tinham função de junta apuradora e os resultados lavrados em ata eram na verdade determinados pela pena dos mesários indicados pelo poder local”. Mulheres e analfabetos não tinham direito a voto.
A economia do município se apoiava no latifundio, no cultivo da cana de açúcar e a agricultura de subsistência, os engenhos de rapadura e as casas de farinha davam o toque agroindustrial, absorvia a mão de obra de moradores e agregados, pagos com salários aviltados ou produtos da própria agriculturra, tipo de escambo, troca de origem medieval.
O filho do Cel. Augusto Leite, tinha o apoio do Padre Cícero, chefe político do Cariri, patrono do partido político “Marreta”, ao qual Miguel e seu pai eram filiados; Augusto Leite participara, sob a liderança do Padre Cícero, da campanha que defenestrou Franco Rabelo da presidência (nomenclatura da época para governador) do Estado do Ceará, (1913-1914). A afinidade do Patriarca do Juazeiro com o chefe político de Mauriti pode ser comprovada pelo interesse do Vigário do Juazeiro, na vitória de Miguel Augusto, na eleição municipal de Mauriti, em 1926. A testemunha contudente desse interesse, são as cartas do clérigo juazeirense aos seus amigos de Mauriti, recomendando que estejam de acordo com seu amigo Cel. Augusto Leite. É testimunha desse evento o pedindo que faz ao amigo, GEREMIAS DA FRANCA, pai de Francisco da Franca Cabral, conhecido por Tico Correia, que se empenhe com sua famamília e amigos para que conquistem a vitória em 1926, a carta a seguir denota o compromisso do patriarca caririense para com a eleição do filho do seu amigo e correligionário.

Em 15 de novembro de 1926, foi declarado prefeito de Mauriti, o jovem Miguel Augusto de Araújo Lima, para um mandato de dois anos 1927 – 1928. A Câmara Municipal, coetânea de sua gestão, fora eleita em 1925, para um mandato de quatro anos, tinha a seguinte composiçã: Manuel Furtado Maranhão, José Faustino de Almeida, Francisco Epitâneo Quintino Leite, Joaquim Furtado Leite, André Dantas de Quental (filho do capitão Miguelzinho e tio de Miguel Augusto) e Theodorico de Souza Leite, este eleito presidente da casa legislativa.
A gestão do jovem Miguel Augusto, foi conteporânea em nível nacional do governo tumultuado de Washington Luiz (1926-1930), o qual segundo Virgílio de Melo Franco – (político e jornalista brasileiro) – “o seu governo foi um verdadeiro desastre sob todos os pontos de vista. A sua incompreensão fez com que a sua presidência não abordasse nenhuama das grandes questões que agitavam e agitam os interesses e os sentimentos da nação”. A impulsividade, o sentimento autoritário e a incoerência política que guiavam suas aões, levaram a deposição de Washington Luis em 24 de outubro de 1930, detenção no Forte de Copacabana e seu exílio nos Estados Unidos e na Europa. Tudo isso, concorria para que os municípios fossem deixados à mingua e administração local sufocada, sem ajuda dos governos federal e estadual.
No Ceará, após vários arranjos políticos de arrumação anti-oligárquias, é eleito governador o Desembargador José Moureira da Rocha (1924 – 1928), do Partido Trabalhista Conservador; sua eleição desarruma as forças políticas do Cariri, que já não contavam com a valentia e a esperteza de Floro Bartolomeu (faleceu em 08/03/1926), nem com o préstigio do Padre Cícero, que esmaecia em nível estadual; perdera a função de prefeito de Juazeiro, em 1927, depois de quinze anos de mando. Além do mais, o Pároco do Juazeiro acionado pelo governo federal, dispendia suas energias, associando-se a campanha de combate aos rebeldes da Coluna Prestes (do capitão Luis Carlos Prestes, comunista). No Cariri, mesmo assim, os coronéis resistem justificando, amizade ou confronto, no princípio de que “um compromisso, uma troca de proveito”; segundo Montenegro (Abelardo, in Fanâticos e Cangaceiros), “Cada chefe político sertanejo mantinha certo número de cangaceiros, pois o seu prestígio dependia do medo que infundia ao adversário”. Portanto, mesmo cercado por múltiplas dificuldades políticas e restrinções de ordem administrativa-financera do governo municipal, o jovem prefeito MIGUEL AUGUSTO conduz sua gestão de maneira equilibrada, sem perseguição a adversários e mantendo distância dos desmandos dos oligárcas caririenses e de suas aventuras bacamarteiras.

FRANCISCO CARTAXO MELO, Aposentado