As bandas de músicas têm origem no seio das organizações militares, como registra a passagem bíblica do Antigo Testamento, com a presença de banda de música na tomada de Jericó por Josué. Ou na invasão dos turcos ao Império Austro-Húngaro, a Alemanha, criou uma banda de música, copiada dos turcos, posteriormente a França também cria uma banda de música no corpo militar.
No Brasil como país católico, ligado ao romanismo português e em pleno apogeu do Barroco, a música era de caráter religioso com Antífona, Te Deum, Ave Maria, Ladainha, etc. As bandas de música eram ligadas aos comandos militares ou a Igreja Católica.
A primeira banda de música de Mauriti, décadas de 1940/1950, tinha como componentes, em sua maioria, jovens com origem na classe média local: os irmãos Sampaio, Edmilson, Heitor e Abelito; Ademar e José Araruna filhos do comerciante Antônio dos Anjos; Oldemar Pinto, filho do chefe dos Correios; Cícero Bandolim e Ulisses Agostinho músicos e trabalhadores autônimos, entre outros. A segunda banda de música, foto acima, parte de seus componentes tinha origem popular, nas classes D e E, matizadas com a presença de pardos e afrodescendentes. Essas bandas nasceram e eram patrocinadas pelo poder público municipal, sob o beneplácito de gestores como Teodorico de Sousa Leite e Fernandes Teles Cartaxo. Teodorico Leite tinha senso cultural, admirador do teatro e aficionado pelo cinema; Fernando Cartaxo com ligações familiares no Crato, cidade que teve como prefeito seu irmão Décio Teles Cartaxo; portanto, o convívio com a aristocracia cratense, com a cidade que era considerada a capital cultural do Cariri, impulsionou o prefeito Fernandes Teles Cartaxo a patrocinar atividades culturais como a banda de música municipal.
Havia cidades que possuíam mais de uma banda de música, normalmente servindo aos partidos políticos, demonstrando o poderio econômico do lugar. Algumas permaneceram funcionando, até os nossos dias, outras extinguiram-se e foram recriadas ou fundidas com outros nomes.
Em Mauriti perduraram as bandas de música enquanto o poder público local alimentava sentimentos culturais preservacionistas e mantinha, orgulhosamente, seu município no mesmo patamar cultural das demais cidades da região. Já o descaso com a cultura, levou ao desaparecimento de nossa banda de música, como diz Isaac Asimov – “O Anti-intelectualismo tem sido uma ameaça constante se insinuando na nossa vida política e cultural, alimentado pela falsa noção de que a democracia significa que “a minha ignorância é tão boa quanto o seu conhecimento”.
ÉRICA BONITO FELIX ESCREVE SOBRE CULTURA