Ao ler o texto escrito por José Paulo Jacó, in Memória Mauriti, de 11/10/2011: “Mauriti – FUTEBOL/ESPORTES-03 – Família de craques”, resolvi acrescentar alguns comentários ao texto original.
Paulo Jacó teve a felicidade de usar a metáfora “Família de craques
UMA ÁRVORE MAURITIENSE CUJOS FRUTOS PODERIAM SER BOLAS-DE-FUTEBOL CRISTALIZADAS”.
Realmente, a grandeza e a eloquência do futebol de Zé De Mausa, poderia ser comparada as jogadas dos grandes craques do futebol nacional, quem o conheceu e o viu jogar futebol tem na memória uma de suas jogas a comentar: dribles espetaculares, domínio de bola com categoria e bicicletas memoráveis.
Ao esboçar a árvore genealógica da família de craques, Paulo Jacó presta um grande serviço a história de nossa gente, diz Paulo: “Mãe Etelvina (quando a conheci com meus três ou quatro anos de idade), seu marido era falecido. Era uma doçura de Vovozinha. Deu à luz a D. Dêra, D. Demasia, D. “Fia” e ao Pé-de-Aço (famoso goleiro de Mauriti).
Primeiro casal: Dêra Casou-se com Sr. Eusébio (Oficial de Justiça e prestador de serviços) e deu à luz a Geraldo, Novinho, De Neve, Loura, Francisco, Inês, Antônio e Edésio (Decinho); segundo casal, D.” Fia” casou-se com Sr. Manoel Cesário (trabalhador agrícola). Deu à luz, à Luis, Inês, Neta, Novinha e Vicente (Tente); terceiro casal, D. Damásia, casou-se com João Martins. Sr. João era filho de Sia. Solina Martins. João Martins, pelo que descobri, jogou na década de 30 na seleção de Mauriti. Trabalhava em olarias e na agricultura. Sua esposa deu à luz a Joaquim, José, Fátima, Antônio e a mulher do cantor “Manezinho”, de quem não me lembro o nome; quarto casal, Pé-de-Aço, casou-se com Inês de Sr. Chico Hipólito que, dentre outras coisas, gostava de tocar pífaro.
Vejamos agora, a produção de craques: Antônio e Francisco do primeiro casal são Tônio de Dêra e Rô; José, Joaquim e Antônio que são José de Damásia, que se transformou em Zé de Mausa e por fim o grande Mausa; o Joaquim era o Quina que é irmão de Mausa. Do segundo casal. Vicente que é meu saudoso amigo Tente Cesário que tomava bolas de atacantes sem fazer faltas. Do terceiro casal da família enumerados acima, Antônio que era apelidado de Tônio de Mausa, irmão de Mausa foi um craque na infância, mas abandonou a bola e foi ser toureiro.
O único que não jogou na seleção de Mauriti foi o Toureiro.
Pé-de-aço que pode não ter sido o melhor goleiro da seleção de Mauriti, sem dúvida, foi o mais famoso e o que mais atuou”. Essa é a
“ÁRVORE CUJOS FRUTOS PODERIAM SER BOLAS-DE-FUTEBOL CRISTALIZADAS. MUITO ELEGANTES, COM SUNTUOSIDADE E BRILHO QUE DEUS DÊ BASTANTE SAÚDE A ESSA FAMÍLIA AMIGA QUE, AQUI ESTÁ DESCRITA. PELO CARINHO QUE TENHO POR ELA, TENTEI DESCREVER”.
( in MEMÓRIA MAURITI ESTÓRIAS – seu Lelêdo)
O texto do amigo e conteporâneo José Paulo Jacó, além de se constituir em um riquíssimo resgate histórico e homenagem merecidíssima a família de Zé de Mausa, é o registro que perdura na memória histórica dos mauritienses que tiveram o privilégio de assistir a família De Mausa jogando, sobretudo Zé de Mausa e Tente; as bicicletas de Zé de Mausa dentro da pequena área e seus dribes rápidos; os dribes curtíssimos do Toreiro e a elegãncia de Tente ao desarmar o adversário, antes que chegasse a pequena área. Mauriti ainda não prestou a homenagem merecida a esses craques, finalizo citando um texto que escrevi sobres as famílias do Bairro Serrinha, porque são a mesma gente. “Com coragem e esperança buscam sobreviver em um país que, ao longo de sua história, tem lhes deixado a margem do seu desenvolvimento: negou-lhes educação, os benefícios dos avanços da saúde e barrou suas participações na acumulação do capital e no excedente econômico, gerados a partir da sua própria força de trabalho. Nesse sentido, entendemos a história dos pontos de vista de: Marc Bloch “a incompreensão do presente nasce fatalmente da ignorância do passado”. Para Lucien Febvre a “história é filha do seu tempo” é como deveremos entende-la; e analisar a chegada das primeiras famílias ao Bairro Serrenha: os Borges, Félix, Miguel, Lalau, Madeira, Isidro, Luciano, etc., como resultado das as ações dos homens de seu tempo”. Nessa constelação de heróis anônimos se incluem as famílias da Vovozinha que deu à luz a D. Dêra, D. Demasia, D. “Fia” e ao Pé-de-Aço nosso famoso goleiro.
Zé de Mausa, Tente e Quina são figuras emblemáticas do nosso futebol amador, das décadas de 1960 e 1970. Zé de Mausa, conhecido por seu talento e habilidade em campo, era um ícone entre os torcedores locais. Quina, por sua vez, era admirado pelas defesas rápidas e chutes bombásticos afastava a bola, com rapidez, da pequena área; Tente com seu talento, elegância e categoria desarmava o adversário e armava jogadas para o ataque da seleção mauritiense proceder a finalização.
Ambos contribuíram para a rica história do futebol na região, deixando um legado, lembrado pelos mais velhos e os apaixonados pelo esporte.
FRNCISCO CARTAXO MELO
ARTICULISTA ESPAÇO BURITI