Maria Ribeiro Tavares, Dona Sinhá, nasceu em Missão Velhaem 1918; sua cidade abre as portas para o Cariri, talvez por isso tenha levantado a primeira Capela da região e escolhida para a fundaçãoda primeira freguesia da Igreja Católica no sul cearense.
A presença da Igreja está impregnada na história de Missão Velha e, sempre, esteve pulsante na vida de dona Sinhá, alimentada pela devoção a São José e pelo amor a Nossa Senhora.
Osdesígnios do Senhor tiram-lhe a mãe muito cedo, sendo criada pelo pai e a madrasta;iniciou os estudosna cidade natal, mas,em face de sua dedicação, foi transferida para a cidade do Crato, estudar na Colégio Santa Tereza, sob os cuidados de irmãs religiosas;ao concluir os estudos retornou em definitivo
COLÉGIO SANTA TEREZA DE JESUS NA CIDADE DO CRATO CEARÁ
a Missão Velha, para o convívio dos familiares; a época era um município tensionado, sob o domínio político dos coronéis e das oligarquias locais: Dantas de Araújo, Cruz Neves,Ferreira Dantase o vociferante Coronel Isaías Arruda, que desalojou da Prefeitura, à custa de bala, o Coronel Dantas, em 1926, para assumir o poder e o mando local.As primeirasdécadas do século vinte encontrou uma Missão Velha beligerante. Dona Sinhá no auge de sua mocidade se desobrigava das questões políticas, mesmo sendo dos Ribeiro, parte das contendas locais. Não obstante, o mundo de Sinhá e de toda jovem casamenteira era encontrar seu príncipe encantado. Em 1936, chega a Missão Velha vindo do Sul do país um rapaz falante, de traços civilizados, que a encantou: Edson Tavares de Araújo (1906-1997),natural de Mauriti, mas cuja família tinha raízes em Missão Velha; no município residiam dois tios que acolheram ele e seu irmão, que também vinha da região sudeste; Edson falava do périplo pelo Brasil: Recife, Fortaleza, Rio de janeiro e São Paulo, com conhecimento, temperado pela vaidade; discorria sobre seus empregos, amigos e de suas conquistas. Narrativas que encantaram a jovem missãovelhense, e foi seu enlevo para escolher Edson Tavares de Araújo para seu futuro esposo.
Dona Sinhá, mãe virtuosa, como algumasmulheres da Sagrada Escritura, quem sabe, como Rispa, Samuel 21:13, a mãe modelo que em todas as circunstâncias esteve ao lado dos filhos.Deixou Missão Velha para morar em Mauriti, no povoado de São Miguel, tempo em que a localidade tinha pouco a oferecer. Na Fazenda São Francisco, como narra Seu Edson em suas anotações: “enfrentou a dureza do campo e da agricultura,ela estava sempre satisfeita mesmo nas horas amargas da vida, sempre ao meu lado me confortando”.
Dona Sinhá, se dedicava a criação dos filhos e as suas devoções a São José, São Miguel e Nossa Senhora, mas sentia que faltava algo; como sabia que o caminho da oração levaação, sua verdadeira ação era contribuir para a educação das pessoas carente.Portanto, ao testemunhar os esforços de suas vizinhas de distrito: a filha de Joaquim Antônio, ensinando as primeiras letras, uma história de pouco sucesso; Mariazinha, filha de mestre João Caboclo, que instalou sua sala de aula na própria residência, na Várzea; dona Luizete Tavares, dando aulas na rua da igreja; e Rosa de Lima professora paga pela Prefeitura Municipal, contratada pelo prefeito Adauto Leite de Figueiredo. Dona Sinhá, na mesma época resolveu dá seu contributo aquela comunidade e instalou sua escolinha na própria residência, para ensinar as primeiras letras aos filhos e as crianças da vizinhança, era uma escola formal que atendia aos requisitos das escolas isoladas da época; e sua professora a mais qualificada da localidade, com isto atraia para sua escola o respeito da comunidade e a admiração das autoridades municipais. Era o limiar da década de 1960, o prefeito Fernandes Teles Cartaxo substituiu as escolas isoladas pelo sistema de escolas reunidas, construía salas de aula nos distritos, com nova metodologia para o provimento da educação para os mais carentes. Dona Sinhá, pela qualificação pessoal, como educadora, deu uma nova dinâmica na educação de São Miguel, um lugar apartado das políticas públicas: faltava água para o consumo doméstico, luz elétrica, estradas em boas condições de trafegabilidade, equipamentos de saúde e educação
O esposo Edson Tavares, atendendo ao pedido de seu amigo e correligionário do PSD, José Leite da Costa, candidato a prefeito de Mauriti, 1955, entrou na política, se candidatou a vereador; ambos foram eleitos. Com isso, Dona Sinhá abria mais uma frente no atendimento às demandas da comunidade, estendia suas mãos aos amigos e aos eleitores do marido que os procuravam com mais frequência;Seu Edson, farmacêutico provisionado e dono de farmácia na localidade, cumpria a missão paramédica: aplicar injeção, fazer curativos, encanar braço quebrado, entre muitos atendimentos.
Enquanto isso Dona Sinhá cuidava dos quinze filhos, acolhia como mãe cuidadosa os filhos da vizinhança, em sua escola, promovia, patrioticamente, o desfile de sete de setembro, que garbosamente a criançada desfilava, marchando em chão de terra no areal que muitas vezes chegava ao meio da canela;evento queenchia de orgulho patriótico os pais daquelas crianças, que muitas vezes faltava-lhes o essencial no dia a dia de suas casas.
IRACEMA FIGUEREDO BURITI
IRACEMA FIGUEIREDO PROFESSORA DE ALFABETIZAÇÃO DAS COMUNIDADES DE LAGOA FUNDA E BOA ESPERANÇA, NO DISTRITO DE SÃO MIGUEL
Iracema Figueiredo, paraibana do município de Imaculada Paraíba, chegou ao Ceará em 1980, indo residir no distrito de São Miguel, na comunidade de Lagoa Funda.Em sua terra natal cursara até a quarta série primária; em face da carência de escola nas comunidades de Lagoa Funda e Boa Esperança, se habilitou junto a Prefeitura Municipal para promover a alfabetização das crianças e jovens dessas localidades.Foi atendida pelo gestor municipal, por falta de prédio para instalar a escola, o fez e sua residência, atendia os alunos em dois turnos. Seu empenho foi reconhecido pelas autoridades municipal e sua dedicação admirada e respeitada pelos pais das duas comunidades.
FRANCISCO CARTAXO MELO
Professor da UECE aposentado Economista/analista de Planajemento
Seplag/Iplance aposentado Consultor organizacional FLACSO (Faculdade
Latino Americana Ciências Sociais)
